Creia-me, ali está o engano:
este sobrado a se formar
quando teu corpo dorme
e empoleira a alma afoita
que sai a procurar, desertora
a ti, a outros, a ela própria
Porque não adere à fatalidade,
escolhe a condição de acordar
E em dormir, despertar, almejar
busca a cada pouco um anelo
que não sabe se teve, se terá
e enquanto o tem, sonega-o
Que porta enorme se abriu
e ficou, permissiva, a esperar
tua alma novamente voltar
enquanto o sono te dava delírios
Outras tantas, em outros sonos
se fechavam esgotadas:
eram tempos de demover
Não faziam como a teu sobrado
Talvez porque tenhas verbos,
palhetas, asas, pomares, motivos
Espera-se que conjugues volúpias
aqui nesta terra de acordados
É preciso que te despovoes,
que andarilhes nu, sem pressa
Que o limiar da tua vigília
não possa nunca te guilhotinar
E viva outro dia desperto
E durma outro sono profundo
pela chance de não sonhar,
livre produto da essência.
este sobrado a se formar
quando teu corpo dorme
e empoleira a alma afoita
que sai a procurar, desertora
a ti, a outros, a ela própria
Porque não adere à fatalidade,
escolhe a condição de acordar
E em dormir, despertar, almejar
busca a cada pouco um anelo
que não sabe se teve, se terá
e enquanto o tem, sonega-o
Que porta enorme se abriu
e ficou, permissiva, a esperar
tua alma novamente voltar
enquanto o sono te dava delírios
Outras tantas, em outros sonos
se fechavam esgotadas:
eram tempos de demover
Não faziam como a teu sobrado
Talvez porque tenhas verbos,
palhetas, asas, pomares, motivos
Espera-se que conjugues volúpias
aqui nesta terra de acordados
É preciso que te despovoes,
que andarilhes nu, sem pressa
Que o limiar da tua vigília
não possa nunca te guilhotinar
E viva outro dia desperto
E durma outro sono profundo
pela chance de não sonhar,
livre produto da essência.
2 comentários:
Fala Renan! Gostaria de participar deste empreendimento intelectual bonito que já praticas a algum tempo, participação esta, eu sei,oitenta por cento fruto de minhas férias e 20 por cento resultado de minhas férias. Aí vai meu comentário:
Algumas coisas mancham os apontamentos, digamos, noturnos? Gostei da desprecisão, quem sabe até o sono e a vigília são uma família meio falida, a ser substituída...
Quanto à alma, eu também sempre preferi o telhado.
Gostei do raciocínio. É uma interpretação, a tua interpretação. As impressões que temos sobre as poesias são como um novo poema, mesmo que somente contornem o que levou o poeta a escrever.
E dizer que o sono e a vigília possam ser uma família, a ser substituída, me fez pensar!
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