terça-feira, 26 de janeiro de 2010




Pelos contornos do intento
e pelas vozes emanadas
se veste fraudulenta
esta sina de viver as letras

Os novos, acasos, breves
que sequer enxergo ou toco
ficam desacortinados e leves
nesta cachoeira de tintas

Meus caminhos se entrelaçam,
minhas frases se perdem
e a cada verbete gravado
um novo destino emerge

Quando contrapeso palavras
seguindo alguma litúrgica ordem
súbito, sopra-me um fado incerto
arremessando-me a novas paragens

E os ventos que aqui sopram
envolvem flores e paineiras
E por este laço, que então caminho
trilho ruelas de pedras e algodões

Crendo atingir alguma costa,
vou a frente, em braçadas largas
enquanto tudo que procurava
dissipa-se ao meu redor

Todavia, entrevejo matizes
em alguma polissílaba normal
que estripa, fosfórica
um rosário de entreatos

Assim escrevo, hesitante e só
esta intrincada quimera grave
Roto pelo inusitado
Indiferente a toda causa

Um comentário:

Anônimo disse...

apenas para reforçar:

definitivamente gosto do que escreves e da forma como escreves!