segunda-feira, 26 de março de 2012

Na tarde em que aterrissei meus olhos 
por teus horizontes, em minhas plagas
estavam aquelas águas, densas e mansas
te guardando ao sol de raios fulvos

Havia alguma coisa dispersa
que pelas cercanias me imanava
mas quando perto, eu te queria inversa,
cúmplice de minha visão atordoada

Teus olhares rasteiros em um bonde...
teus pés nas pedras das calçadas
reviviam quantas lágrimas passadas
em nossos cantos, nem sei mais onde

De uma paixão quase frugal
nasceu uma saudade tempestuosa
que quando te vê, toda garbosa
ilícita em tuas noites soturnas

não te quer deixar um só instante
do adeus que treme à despedida
São tuas esquinas minha acolhida
onde repouso, cansado, reminiscências

Caminho por indescências, enxaguado
e em cantigas velhas que te inflamam
encontro pretéritos nobres e amados
disseminando almas que te reclamam

Se te encontro, é um feitiço ardiloso,
um encanto, uma saraivada de notas,
são cores, é como certos sabores,
liberto de tantas e tantas dores

São os plátanos de folhas secas
de tuas vielas cortantes
que choram profundo a alma do outono.
E de cobrir lástimas errantes

é que entregam à eternidade
esses respingos de saudade
que nos braseiam, em quantidade
a dádiva efêmera do teu sangue.

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