segunda-feira, 20 de setembro de 2010



Já não é mais tempo de buscar
brasas que te aqueçam no frio,
pois agora o frio abraçou a vila.

As casas estão temerosas,
as ruas estão estáticas e nuas,
como o sino que se calou.

Não te ponho mais nos braços:
te cubro depressa, zeloso
para que te escondas em mim

Nosso tempo agora é claro
e os ponteiros são soldados
numa marcha surda expatriada

Não há que intervires
dizendo saber ou não
por coisas inquestionadas

Fiques oculta, ilesa
enquanto a geada laminar
recompõe nossas cascas

Deixa que as ruas caladas
sejam vazias e aflitas,
que os sinos fiquem estáticos

Tranquemos a verdade com desvelo
e deixemo-la crescer, protegida
dos ventos e das raposas.

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