segunda-feira, 31 de maio de 2010


 
Aqui de cima da cordilheira
onde tudo parece ser nada
venta-me um sopro frio
que congela meus sonhos
e revolve-me à plenitude
do tempo, do céu e do ar

Imagino que me espreitam
nos dias que oscilo pelas sombras,
em que fico marejado de sangue,
porque assim é solidão:
querer ser emboscado
enquanto se carneia o presente

Estar coberto pela música,
embalsamado por desejos
e preso à redoma cética
que me condena à dúvida,
que responde com meus ecos
os urros desta inércia

é então o ser deixar levado
pelo sopro que se fizera frio,
mas que alimenta o fogo
e queima, queima, queima...
Faz brasas de tristeza que
forjam contornos de melancolia

E é estar ciente dessa presença,
dessa constância redundante
que são nossos dias e noites,
que faz trespassar os minutos
qual lâminas rombas de tempo

Portanto desço da cordilheira
nos dias em que o frio me chega,
mergulho em calores líquidos,
em cenas alienadas de tudo
e passa-me o vento mais uma noite

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