quarta-feira, 14 de abril de 2010



Vê-se logo que te amo
pela calma com que sorvo
teus longos lábios de rio
e pelo contorno que traço
com mãos de náufrago
tuas costas ancoradas

Que tem esses teus rubis
que trespassam lógicas?
- e eu me perco em desculpas
para não entendê-los,
nada além de contemplá-los,
rendido e fraco que sou

São tuas perícias místicas,
teus aromas de gardênia,
tua maciez de plumas mornas
que mitigam meu não saber
quem sou, onde estou, que preciso
- minhas alienações vagarosas

E te sorvo, tu não vês
mas percebes que te sobra
fomentar minhas questões
de vida e de viver, com sorte
ao teu lado na rota do tempo
subtraindo-te pelo meu forjar

E não és tu que vês
que te amo - duvidas, até.
Porque é assim o amor
que cresce pétreo convivido
que molda-se engrenoso persistido
que enfim é o eu, o tu, a mudez

Por que condenar, por que falar
por que lançar-se às redes
de pessoas que confundem,
quando é simples refletir
e não tecer mais caprichos:
amar, sorver, florescer e fluir.

Um comentário:

Unknown disse...

Muito bonito esses olhos...
O meu amor é teu!!

Grazi