Eram 16:15h do sábado branco
e um hialino véu de chuva
fazia transbordar minha pressa.
E uma febre aldeã curava-se
e o que urgia, então convalesceu.
Como as gotas daquela chuva
que escorreram pela terra e
conheceram, transmutadas em barro,
a relva das coxilhas do sul,
escorreram também aqueles olhos todos.
Porque me querem, eu os temo
- são negros e azuis aqueles olhos,
todos me querem forte, ávido e nu.
E querem minhas respostas, suas respostas,
a absolvição frenética nas letras.
Mas não estão aqui hoje, esses olhos,
nas dezesseis horas desta água benta.
Estão pelos córregos, pelas gotas,
pelas casas, pelos caminhos etílicos.
Praticando seus crimes, estão pelas camas.
Que seria de mim sem esses olhos?
Que seria do tamborilar da água?
Seria devorado pela hipnose da mesa,
até mesclar-me no tempo, indigesto.
Escreveria o que sei e não sei.
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