terça-feira, 4 de dezembro de 2012


Acordei assim, repleto de rochedos.
Circundando um vale úmido, era largo
e largos eram meus braços de pedra

Todos cascalhos de minha grandeza
deslizavam de minha fronte heróica
para tão logo tocar o chão

Nenhum cascalho rolou sem partir-se
e uma garoa de terra salpicou todo vale
como efeito destas largas dimensões.

Alguns taparam-se de meus minérios
outros protegeram as pedras brutas...
Poucos, de fato, entenderam o rochedo.

Pedras que eu amava, se foram pelo vale.
Algumas, sei, seriam rubis portentosos
não fosse a corredeira os levar

O rio que sempre espreitou-me,
que levava minha alma decantada,
depurou sem licença parte de mim.

Por vezes, vem a neve e me congela
- já não tenho pedras nem lava
sobre meu cume abatido.

E então queda-me a erosão pelos flancos
como abutre ensandecido, mortificando-me.
E lá me vou pelo tempo, aos farelos

reduzido a recortes, sucedidos
pedras que rolaram, águas que passaram
Dormirei árido, elevado, antigo.

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