segunda-feira, 5 de março de 2012




Porque te ausentas, meu sangue arde.
Porque te calas, também me calo
- sou coerente com cada silêncio
e irresponsável até o limite da dor

Isso me torna fraco, mas ainda assim
tua sina nesse momento impiedoso,
teu fado numa noite seca de março,
teu outono vindouro, tua manta

Enquanto te buscas num sono ébrio,
desenho num sonho nossas nuvens
condensando desejos tontos e nus
em um rascunho de vida jamais visto

São teus cabelos uma cascata de veludo
teus olhos duas jóias brilhantes
teu rosto inteiro uma esperança
que me chega antes de teu sorriso

Ah, guarda-me teu sorriso!
porque sem ele eu seria triste
teu longo sorriso invasor
que envolveu tudo que me resta

Teus olhos e teu sorriso, tuas mãos
- por onde conter esses impulsos
que se somam a dores, que perdem-se
que dominam minhas profundas angústias?

Fala qualquer coisa, olha, pensa...
adorna minha vida com teus lábios,
abraça-me mesmo da saudade que tens
porque te evoco, longe, em qualquer condição.

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