quinta-feira, 22 de abril de 2010




Escura a imagem que tenho
dos contornos do espectro
- imprecisos seus limites,
a eles não acompanho
com a certeza que me fazem

Sou delineado pelos ditos
de vozes que não sabem quem sou,
e nada de mim elas têm
e não nasceram em mim,
não buscaram saber o que quero

Umas voltas à toa na rua,
umas canhas, violas, gritos
e meus pés desenham voltas
mas quando olho para trás,
são meus ditos escritos!

E lá se vão novos gritos,
que meu eu é cheio de fábulas,
contadas por uma corrente lenta
de mil elos, arquitetos desse conto
que me grafam pela noite

Mas não sei o que escrevem.
Percebo que dizem algo,
que contam mentiras longas
mas que no entanto, penso,
são verdades que não quero

E por isso esse vagar em vão,
em saber quem eu sou, quando
serei ameno em mim mesmo,
talvez num esquecer e deixar
à sombra juntar-se o espectro e eu.

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