sexta-feira, 12 de março de 2010


 
E não parece um açoite
que me abate à noite,
rompantes de gritos mudos
ou visões multidirecionais,
toda minha forma de pensar?

Sofre o refletir atormentado,
os desfechos em rodopios
que rolam pelos cascalhos
metafísicos, prosélitos
poeira perdida em nada

Ficam algumas ravinas
após um dilúvio ideológico
- mas saber é uma cratera
e essas nódoas vão rompendo
fibra por fibra cada certeza

Convicto é o estar, o compôr
ser valor impensando
desta trama que já é,
não necessita concepção
- e necessitar é um ardil

Em um momento, sou.
No instante seguinte, era.
No folhar das páginas
do passar das horas
percebo-me en passant

Sem convicção, construo
no vagar dos ensejos
meu álbum de memórias:
histórias que me inventam,
epopéias de contemplação.

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