quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010



Quanta poesia esconde-se
entremeada no amontoado
de uma vizinhança anônima

Seriam os banhos quentes,
os televisores planos
e os afazeres automáticos
conspiradores do retiro?

Tetos e divisórias opacas
aparam arestas de vida
para que não se acorrentem

Mas estamos infinitamente
mais inclusos hoje
no inevitável outro (outrem)
que de antemão nos herdou

Quantos abalos nossos...
quantas cismas imponderadas...
e a retífica no costado!

Quando abre-se a porta,
permitindo alguma invasão,
adentra logo um ineditismo
crasso, divergente, mutilador

que nos desblinda e acolhe
e às vezes nos golpeia:
bem no eixo dos motivos

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