Abril tem notas de ameixa
em sua notória aparição.
Molhado de febre, suntuoso
e ocre veludo de seus dias,
adornados caminhos de pérgulas.
Estamos subindo, alçando-nos
aos rumos de sonhos distantes.
De mármore fendido é a estrada
que me leva contigo pelas sombras
dos ramos das acácias imensas
Já são negras as fendas
rompendo luzeiros no céu
- são chuvas de águas tímidas,
o prelúdio medonho de maio,
a seiva de tudo que sou
Teus dias infinitos subjugam,
assentam-me moroso frente ao tempo.
E como de mãos dadas, caminhamos
por entre sombras, sob acácias
num chão de mármore insípido
Sirvo-te, abril, em tal condição,
porque espremes as horas do sol,
porque regas de orvalho as manhãs,
porque buscas a métrica de maio:
- eu anseio pelo silêncio do outono.
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