A saudade goteja
a serração da pampa,
porejando em véu de
espumas e pernilongos,
semente do mais triste
dos contos do meu chão
que foi casa, tapera
de estrelas e noite
Marcas de arestas
finas do rosto amado
moreno de fogo, macio
de veludo confinado
nas distâncias que
a memória aumenta
trazidas pelo vento
de quando em quando
Se o frio que rasteja
ao oeste da campanha
enche de uivos o horizonte
embebido em sangue,
o tempo negro
se acalenta e se perde:
espera a chuva,
o silêncio e o verniz
que de úmidas folhas,
úmido orvalho
recobre de espelho
as ervas e os frutos
e segue a porejar
meus contos esquecidos
em alguma vertente
de saudade que não teve rumo
Saudades semeadas
no alabastro de dores
que seriam tantas não fosse
a textura das flores
que ficam só no ar:
o semblante volta, aromatizado
na brisa, a alma
goteja e me planta.
Nas dores, poucas
mas sentidas,
as saudades ficam
a permear meus vales
de sono, luz e glória:
o alabastro ringe,
a dor se extingue
a saudade fica.
a serração da pampa,
porejando em véu de
espumas e pernilongos,
semente do mais triste
dos contos do meu chão
que foi casa, tapera
de estrelas e noite
Marcas de arestas
finas do rosto amado
moreno de fogo, macio
de veludo confinado
nas distâncias que
a memória aumenta
trazidas pelo vento
de quando em quando
Se o frio que rasteja
ao oeste da campanha
enche de uivos o horizonte
embebido em sangue,
o tempo negro
se acalenta e se perde:
espera a chuva,
o silêncio e o verniz
que de úmidas folhas,
úmido orvalho
recobre de espelho
as ervas e os frutos
e segue a porejar
meus contos esquecidos
em alguma vertente
de saudade que não teve rumo
Saudades semeadas
no alabastro de dores
que seriam tantas não fosse
a textura das flores
que ficam só no ar:
o semblante volta, aromatizado
na brisa, a alma
goteja e me planta.
Nas dores, poucas
mas sentidas,
as saudades ficam
a permear meus vales
de sono, luz e glória:
o alabastro ringe,
a dor se extingue
a saudade fica.
Um comentário:
Quando as palavras brotam aos aluviões ou em lastros tênues mas não menos intensos, quando os olhos estampam no papel as formas morfológicas mais diversas de toda expressão existencial ou quando fazem cortes lacínicos de uma determinada paisagem, ali esta toda expressão da arte e ela poderá encontrar sentido em espíritos brincalhões, atormentados, fugidios, pacíficos, revoltados, e outros tantos, a arte não segue rumos, não pode ser pré-definida, a arte é um grito de liberdade, não se deixa prender por amarras, ela diz vai, vai sem medo, vai na direção que vem até ti, desvencilie-se de todas as verborragias ensinadas , ele vem para dizer que os padrões podem ser rompidos ou seguidos e em cada expressão artística existem gotas com aroma e sinuosidades infinitas que encerram-se numa xícara ou podem alimentar oceanos, então tenha a arte contornos mais eruditos ou mais rústicos, ela sempre encontrará almas em que ressoará, portanto tua pergunta sobre "SE TE FARÁS ESNTENDER" tem em mim um sim afirmativo, mas essa é minha opinião, outros tantos podem responder de outra forma, e quanto a vc dizer que não consegue escrever de forma mais rústica, ou mais popular, ou outros tantos sentidos que ressoam como sentido oposto, penso que isso pode ser questão de estilo, oratória refinada, ou outros significados que somente tua alma pode falar, seja qual for, estes encontrarão almas nas quais alorjar-se-ão e provocarão incêndios ou calmaria! Talvez precisas definir sim para quem queres falar, isso envolve teu olhar sobre o mundo, a vida, o existir, o que buscas e o que queres receber, o lugar onde queres repousar. O mercado editorial parece ter postura e boa vontade distinta para cada um dos estilos, então me parece que teu olhar sobre esse mercado será importante com base no que desejas!
Quanto a manter tua criação meio no anonimato seja por questões de plágio ou um prazer narcísico como dissestes, penso que o que for o desejo mais forte que jorra de ti é o que se sobressairá, é com base neles que os caminhos virão até ti, o anonimato ou a esfera pública tem em si as mesmas doses narcísicas, ainda bem que é assim, ambas adubam nosso existir, então pq não socializar os retalhos que fazes de ti e do universo, ambas posturas poderão trazer até até ti os mais variados prazeres e os mesmos sombrios mas não menos edificantes tormentos, então nunca estarás no anonimato quando outra alma além da tua já tenha transitado pelos caminhos que jorram da tua alma!
Se escrever de forma erudita e também rústica pode encontrar desejos em ti enquanto instrumento que materializa retalhos e o todo das amplas sinuosidades existenciais, então penso que é possível fazer isso sim, talvez seja preciso conversar mais sobre isso, ou não, apenas são considerações com base nas questões que levantastes, e digo que esta última publicação tua diz de coisas que podem ser escrita de outras tantas formas e com outros tantos estilos expressivos, portanto o teu estilo revela compreensões morfológicas com as quais olhas para o mundo e para ti, compreensões morfológicas sobre a arte, estilos morfológicos da alma que habita em ti, o que posso te dizer é que tua obra tem valor econômico dentre outras tantas conotações possíveis, essa é minha opinião, mera opinião, pois apenas olho a arte com meus olhos e apenas avalio a dimensão humana na minha humanidade que sem sempre segue lógicas que eu mesmo entenda!
Parabéns e espero que esses teus lastros expressivos rumem para onde devam rumar!
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