domingo, 13 de dezembro de 2009



Esta vida arcádica de mil mãos,
mil pés e mil vértebras nuas
mastiga os agouros que plantas,
e na sombra minguante, desfaleces

O brilho das foices enternecidas
é a luz que clareia o plantado:
centelhas de laborar ao sol,
fagulhas de um ritual ingrato

Esta peçonha que te quer,
à distância come do teu chão
e as folhas verdes que cerceias
são tão cinzas quanto o amanhã

Folhas e galhos apontam para o céu
quando circunscrevem ao teu lado
as linhas de uma sorte ocre:
o testamento que jamais lerás

E de pé, louvando aos prantos
pela água, pela terra, pelos frutos,
é que então ofereces o próprio sangue,
as próprias mãos de mil solidões

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